E se os clássicos infantis fossem novela das oito?

Chapeuzinho Vermelho de Manoel Carlos

 por Rodrigo Rocha

Antes de qualquer coisa é bom ressaltar que Chapeuzinho é apenas um apelido, o nome dela é Helena. E teria uma irmã gêmea, também chamada Helena (criatividade!) e que maltrata a vovó. A vovó não moraria perto da floresta, seria num lindo e luxuoso flat no Leblon. O Lobo Mau seria interpretado pelo Zé Mayer, que se alimentaria da vovó e de Chapeuzinho (pra não dizer “comeu”, pois se tratando de Zé Mayer nunca se sabe). Apesar de malvado, as mulheres da trama teriam fantasias com ele. Chapeuzinho seria amiga de todas as princesas e cada uma teria uma história de vida que dariam sinopses para diferentes novelas. Pocahontas seria alcoólatra e dona de uma livraria; Cinderela teria deixado o dinheiro subir a cabeça e hoje tem nojo de pobres; Bela teria vergonha do marido Fera, que além de feio toca saxofone; Pequena Sereia seria lésbica e moraria embaixo do mar de Angra ou Búzios; e Branca de Neve teria o marido impotente e seria apaixonada por um (ou mais) de seus anões. Mas todas teriam duas coisas em comum: um apartamento no Leblon e um caso com Lobo Mau. Os “Príncipes” seriam companheiros de vôlei, correriam todas as manhãs na orla do Leblon, tomariam água de coco e... e... e logo estariam fazendo isso novamente no outro dia, como toda novela do Maneco.

Como estamos na cidade, não tem caçador, então quem ficaria responsável por salvar Chapeuzinho da barriga do Lobo seria Severino, o bom e amigo porteiro, que sempre tem destaque nas tramas das oito, e a levaria até o doutor Moretti (sempre tem um), tudo num clima de riqueza, bem intimista, no melhor estilo bossa nova.

Confira também: Branca de Neve por Glória Perez
Confira também: Cinderela por Aguinaldo Silva