Por Mauro Alencar

Além da estrutura (a versão original tinha 186 capítulos e esta novela contará com 64 capítulos), os dramas da família Hayalla e dos demais personagens seguem a necessária atualização quando transpostos para o século XXI. Neste quesito, os adaptadores Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro foram particularmente felizes ao imprimirem um tom escancaradamente passional à maioria dos personagens. Operaram, portanto, grandes transformações em personagens como Neco (Humberto Martins) e Natalino (Antonio Calloni).
O mesmo pode-se dizer das relações, mais intensas. Destaco também a atualização do patriarca Salomão Hayalla (Daniel Filho), executivo que bem poderia ser filho do Salomão (Dionísio Azevedo) originário de Janete Clair. Ou seja, manteve-se o melodrama característico da novela produzida em 1977/ 78 - lembrando que melodrama não significa necessariamente algo meloso ou edulcorado e sim uma característica de comportamento de personagem surgida nas óperas italianas no século XVII e no teatro dramático francês em 1800 - porém com matizes próprios dos entrelaçamentos sociais e psicológicos deste século.
Transpõe-se, portanto, toda a exemplar estrutura dramática criada por Janete Clair para a multifacetada sociedade do século XXI com seu protagonista Herculano Quintanilha a nos encantar com seus tremores nas mãos e sua alma de artista...
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