Por Júnior Bueno
Um casal de jovens se conhece, se encantam então um pelo outro e com o passar do tempo a vida vai tratando de ora uni-los, ora separa-los, até um emocionante desfecho. O alardeado best seller do inglês David Nicholls em tese não traz nada de novo, uma vez que essa premissa é a mesma de toda história de amor já contada, desde que o mundo é mundo. Mas se engana quem pensa se tratar de mais do mesmo. O romance do roteirista de TV inglês tem na manga motivos pra cativar os seus leitores. Primeiro, porque o autor se enquadra bem entre os atuais romancistas ingleses, com uma escrita ágil e o texto cheio de citações pop. Tanto que dois expoentes desta safra, Nick Hornby (do cultuado Alta Fidelidade) e Tony Parsons (de Pai e filho), inimigos ferozes, resolveram concordar quanto à qualidade de Um dia: ambos teceram rasgados elogios a David Nicholls. O estilo do autor resulta num livro delicioso de ler, com diálogos inteligentes e reflexões pertinentes.
O segundo motivo para o sucesso do livro é a forma inovadora que David encontrou para contar a história de Dexter Mayhew e Emma Morley. Eles se conhecem numa festa de formatura, em 15 de julho de 1988, passam a noite juntos e se despedem. E a partir daí a cada capítulo, somos levados ao dia 15 de julho do ano seguinte até os dias atuais. Dessa forma vemos como eles se deparam com a chegada da vida adulta, o peso de envelhecer e as consequências das escolhas que fazem ao longo dos anos. Dexter é um rapaz burguês frívolo e hedonista que quer aproveitar a juventude ao máximo. Emma é idealista, engajada em causas sociais e pobre. Ele é imaturo e promíscuo. Ela, romântica e insegura.
A cada avanço na história dos dois, o dia em questão mostra um apanhado do que é a vida de cada um naquele ano. Dexter passa um ano na Índia, Emma passa um tempo como gerente num odioso restaurante mexicano. Dexter se torna um astro da TV, Emma se frustra por não conseguir se tornar escritora. E a medida que acompanhamos a vida do casal, entre idas e vindas, nos envolvemos cada vez mais com a história. E do meio pro final para deixar a leitura ainda mais interessante, há o contraste entre os personagens mais maduros e aos vinte e poucos anos.
Claro que um enredo assim é um forte candidato a uma adaptação para o cinema. E óbvio que os estúdios não perdem tempo. Um dia, o filme, tem estréia prometida para dezembro, com a onipresente Anne Hattaway, e o pouco conhecido Jim Strugess nos papéis principais. Para quem já leu o livro e torce o nariz para as inevitáveis adaptações, a boa notícia é que o próprio David Nicholls se encarregou de roteirizar o longa, o que garante uma história mais fiel ao original.
Então, elogios feitos, agora vai um senão ao livro. A edição brasileira, lançada pela editora Intrísseca tem uma capa bonita com duas silhuetas em laranja e o título do livro com aplicação em relevo azul brilhante. Uma pena que com o manuseio do livro, a tinta azul se solte do papel, manchando a mão do leitor. Mas apesar desse descuido dos editores, vale a pena ler antes de ver o filme, se emocionar e se surpreender com os revezes que podem mudar a vida de alguém em apenas um dia.
Mais que recomendado por mim!
Júnior Bueno
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Júnior Bueno
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