Por Bruno Oliveira
Dia desses, acordei me sentindo estranho. Não lembrava meu nome, meu telefone, muito menos o lugar onde trabalho. Desci as escadas do prédio, este pouco reconhecia. Pessoas passavam por mim, me cumprimentavam e eu nada respondia. Sentia-me tonto e perdido quando olhei para aquela megalópole e seus prédios tão na vertical, arranhando o céu de um azul tão lindo e nuvens claras meio apagadas.
Segui em linhas retas, dentro e fora da calçada. Mas pra onde eu ia, as pessoas passavam por mim em tom de branco e preto, o colorido do céu foi acinzentado por nuvens de chuva. Caiu a noite, e eu rodava pela mesma esquina. Escura e deserta. Até que a chuva parou, milhares de estrelas no céu surgiram, me acalmei. Mas logo uma estrela em tom de ouro reluzia naquele céu e me chamou a atenção, além de diferente, era muito maior do que as outras.
Ouvi uma voz, ao longe, vinda de um bar, cantava um trecho de uma música que não me era estranha. Não conseguia encontrar o bar, a voz, a música. Mas, imediatamente, olhei para o céu e vi que a estrela se movia, em passos mágicos de balé, ela saltitava de um lado a outro, traçando um percurso. Não hesitei, me entreguei aquela estrela e fui pelo seu caminho, como se fosse um dos três reis magos á encontrar Cristo.
Mas não tardou e lá estava o bar e o som. Entrei no estabelecimento e me deparei com uma imagem sacra sob o signo de mulher. Tinha traços perfeitos, olhos de medusa e uma áurea que cheirava a anjo, não era sagrada e muito menos profana, não era uma imagem, mas não parecia real.Mas era!
Adele usava um manto negro e um véu branco de lã. Sob um banco, uma caneca de porcelana, entre uma música e outra, ela tomava um gole de seu néctar açucarado. Descalça, pés firmes ao chão, girava lentamente seu corpo de um lado a outro e assim dançava. Pelo palco, sua banda traçava o som, Adele a trilha. Conjugava-se o amor, o ódio... O Romance e o não romance. Conjugava-se também a vida.
Foi quando tudo começou a fazer sentido, num passe de mágica, lembrei que: trabalhava no mesmo local de sempre, tinha o mesmo nome de batismo e nunca troquei o número de telefone. Sempre fui o mesmo, a noite que era diferente.
Do sonho para a Realidade...
Tudo isso, foi para contar a sensação que tive ao acabar de assistir o DVD de Adele “Live at The Royal Albert Hall”, em Londres. Definitivamente a melhor apresentação de um artista até agora. Todas as referências de música em minha cabeça se apagaram, todas as personalidades já cristalizadas em minha memória se desencantaram. Eis que surge a Adele para preencher o espaço. As magras que me desculpem, mas Voz vem em primeiro lugar e beleza é apenas uma conseqüência. Adele além de linda corresponde à altura o que é ser estrela, pois “cantoras” são as outras.
Além disso, o contato de Adele com o grande público é tão intenso que a mesma relata fatos que aconteceram com ela e com seus amigos, usando a liberdade de expressão, o show se transforma ora em espetáculo ora em um divã.
Vale lembrar que além de Artista do ano, ela tem a música número um pela revista Billboard. A música em questão é “Rolling in the Deep”, com letras profundas que fazem até mesmo homens chorarem, Adele conquistou o Universo, o seu espaço por lei.
“Someone like you” Live at the Royal Albert Hall:
”Rolling in the deep” live at the Royal Albert Hall:
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