Por Edu Gonçalves
Desde que me entendo por gente, fui ensinado pelos meus pais a respeitar todas as pessoas, do jeito que são, como são e da forma como se apresentam. Acredito que esta postura se reforçou após meu bacharelado em psicologia, por isso meu comportamento nos últimos tempos. Não acredito que "A" seja melhor que "B" ou vice versa. Detesto injustiças. Por isso este esclarecimento. Acredito que todos tenham a sua verdade, independente de qualquer coisa.
A beleza e a essência das relações estão no modo de como são geridas. É muito fácil apontar um dedo pra pessoa e dizer que ela está errada, enquanto existe três apontando para minha direção. É fato que existem outras variáveis, como a Bíblia Sagrada, um livro inspirador e misterioso, que perdura aos longos dos séculos. Isto é um fator preponderante. Não vou e nem gostaria que entrassem nesse mérito, porque é muito dolorido quando criticam algo que a gente tem por verdade. Nestes episódios "Felicianos", claramente o Brasil está sendo dividido em duas partes. Ou você o ama, ou você o odeia, não existe meio termo.
Mas o que está acontecendo na verdade, é uma manobra política das mais bem articuladas, onde temos como figura representativa um Pastor evangélico eleito legitima e democraticamente por seus comandados, e engenhosa e estrategicamente eleito para a Comissão de Direitos Humanos, fortalecendo assim um partido político até então sem expressividade nenhuma (P.S.C) e ao mesmo tempo, em que os articuladores estrategicamente conseguem desviar os olhos da mídia e da população brasileira aos escândalos de corrupção em Brasília e dos tumultos iniciados com a posse do Senador Renan Calheiros na presidência do Senado Federal (Que está adorando toda a cena armada).
Mas atemos-nos aos fatos: A "guerra" entre gays/negros e Evangélicos. Ouvimos e lemos muitas coisas (nos dois lados) que não condizem com a verdade. Antes de tudo, é válido considerar que a internet é uma arma poderosa e que pode servir tanto para o bem, tanto para o mal. Seria prudente, quando lemos algo no Facebook de alguém, ou em algum portal de notícias, considerar sua fonte, apurar os fatos para que não nos tornemos injustos e sejamos instrumentos de discórdia e desrespeito para com nossos semelhantes. No caso dos evangélicos e católicos também, há uma regra de fé superior que não podemos desprezar. A bília. Ela norteia seus princípios e inegavelmente tráz benefícios para a sociedade, como a regeneração e a esperança de uma vida melhor para aqueles que a procuram.
Ato contra Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos reúne artistas, políticos e movimentos religiosos e sociais (Foto: O Dia) |
O cristianismo pode ser interpretado de muitas maneiras, o que ocorre às vezes é que ao expressar sua fé, os cristãos talvez inocentemente tentam impor o que eles têm por verdade,às demais pessoas. No caso Feliciano, independente de quem ele seja, alguém da sociedade civil possivelmente cometeu o mesmo erro dos evangélicos, ao pegar frases sem contextos gerais e desta forma dizer que ele afirma tal coisa e coisa e tal. Pois bem. Conversando com algumas pessoas entendidas da bíblia, fui esclarecido de muitas coisas que até então não haviam vindo à tona, como a passagem em que o referido pastor afirma que negros são amaldiçoados. Não é bem assim.Como é um assunto muito extenso, não vou expor aqui, mas quem quiser eu explico posteriormente.
Fernanda Montenegro (D) beija atriz Camila Amado em ato de protesto contra Marco Feliciano |
No caso de gays, é sabido publicamente a posição de cristãos e de outras religiões também acerca deste segmento da sociedade. Erroneamente comentado pela mídia e pelos cristãos, o segmento gay não é minoria faz tempo! O que acontece atualmente é uma profunda transformação no seio da sociedade brasileira, onde novas configurações familiares surgem a cada dia. Podemos dizer também: com o advento da internet as relações interpessoais se sobrepõem à timidez normalmente apresentadas, crescendo assim o número de pessoas que apenas libertam o que são. É sabido que há gays e lésbicas em todos os lugares, até mesmo dentro das igrejas evangélicas, conventos, seminários, etc.
A sociedade brasileira está tendo dificuldades em se adaptar às novas configurações, assim como foi para mulheres conseguir seu direito de voto, os escravos conseguir sua liberdade e assim por diante. Já está na hora de separar as coisas e colocar cada um no seu quadrado. Ninguém é obrigado a entrar numa igreja, no entanto ela está lá aberta. Entra quem quer. Ninguém é obrigado a aceitar um casamento gay, mas ele existe lá fora, quando você abre a porta da igreja e vê o "mundo". E se o seu filho for gay e resolver se assumir? O que não é certo e até insano é rotular as pessoas de acordo com nosso preconceito, tipo: Porque que todo evangélico é ignorante, baba ovo de pastor e blá blá blá... Ou: Porque todo gay é promíscuo, são marionetes do diabo e blá blá blá. O que precisamos enxergar nessa "guerra" é nossa insanidade em não reconhecermos o humano que existe por cada uma de nossas rotulações. Cada um tem sua concepção de Deus (ou não), mas sinceramente acredito que esta história ainda vai muito longe. Infelizmente.
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