Por Márcio Melilo
Entrevista originalmente publicada na Revista Higienópolis
Antes de escrever histórias que fariam sucesso na ficção, seja no teatro, TV ou obra literária, Walcyr Carrasco, natural de Bernardino de Campos (SP), formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do país, entre eles: revistas Veja e Isto É, jornais O Estado de SP, Folha de SP e Diário Popular. Aos 28 anos, lançava seu primeiro livro “Quando Meu Irmãozinho Nasceu”. Ao todo são mais de trinta títulos, sendo o mais recente, lançado esse ano, “Juntos Para Sempre”, que conta a história de Alan Perez, um advogado bem sucedido, que é perseguido por um sonho que se repete, quase todas as noites. É uma reflexão de vida. Multifacetado, também lançou textos para os palcos, seu primeiro espetáculo foi a comédia “O Terceiro Beijo”. Depois veio “Até Que O Sexo Nos Separe”, “Êxtase”, “Toalete”, “Batom”, “A Mulher do Candidato”, entre outros. Em 1989, se enveredou pela linguagem da TV, escrevendo sua primeira novela “Cortina de Vidro” no SBT. Na extinta TV Manchete, foi responsável pelas obras “O Guarani”, “Filhos do Sol” e “Xica da Silva” – novela que o consagrou nacionalmente, em 1996. Dois anos depois, ele retorna ao SBT e assina o texto de “Fascinação”, na época, protagonizada pela então novata Regiane Alves. Sua estreia na Rede Globo se deu há 13 anos, em 2000, em “O Cravo e a Rosa” (inspirada na peça “A Megera Domada”), interpretado por Eduardo Moscovis e Adriana Esteves (atualmente reprisada no Vale a Pena Ver de Novo). Há mais de uma década na emissora carioca, ele teve alguns de seus trabalhos como: “A Padroeira”, “Chocolate com Pimenta”, “Alma Gêmea”, “O Profeta”, “Sete Pecados”, “Gabriela”, exibidos no horário das seis, sete e onze da noite. Atualmente, escreve os dramas e comédias de “Amor à Vida”, sua estreia no horário nobre, das 21h. Amor à Vida é sua primeira novela no horário das 21h. Esse fator muda algo no seu estilo?Walcyr Carrasco - Esse é um processo que não é racional. Meu processo de criação é inteiramente intuitivo, pode mudar, vai de acordo com minha emoção. Não sei dizer o que muda! Nunca tinha apresentado um projeto para às 21h. Quais temas têm te tocado nessa novela? O grande assunto que me toca nessa novela, o que é uma vida mais feliz? Essa mulher casar com um cara, um mochileiro livre, que não quer bater cartão de ponto ou casar-se com um homem certinho, um bom pai de família? Outra questão: de quem é o filho, de quem gerou ou quem criou? Para essas perguntas não tenho respostas, os personagens que irão me contar! Como é sua forma de escrever as histórias? Costuma antecipar bem os capítulos? Não comento histórias, eu as escrevo à medida que vão ao ar. Eu nunca falo o que vai acontecer, porque tenho medo de mudar de ideia e passar uma informação errada. Não tenho isso planejado A história como um todo você não planeja muito, mas nem o final, o rumo que cada personagem pode tomar? Eu tenho ideias vagas sobre o que eu quero que aconteça, mas tudo pode mudar! Na sua carreira mais mudou ou você seguiu aquilo que desejava inicialmente? Mudou e seguiu. O que importa pra mim, é que novela é uma obra aberta, é algo coletivo. Vou escrevendo, a partir do que eu assisto, conforme vejo os atores fazendo e o que a direção me oferece. Cada personagem se torna quase uma pessoa que conheço alguém que me visita todos os dias. Qual sua reação quando veículos de comunicação antecipam ou tentam acertar o que vai acontecer? Não adianto nada aos jornalistas, não que eu queira guardar segredo ou não goste da imprensa (risos), é porque tudo pode mudar e não gosto de passar uma informação errada, entende? Você costuma se preocupar com a audiência quando está com um projeto no ar? Quem mais se preocupa com audiência nesse país são os jornalistas. Nem a direção da TV Globo me cobra tanto, como a imprensa. Eu acho que vocês devem trabalhar para algum departamento de marketing de algum lugar (risos). Mas você não se cobra?Não. Eu me cobro em ser sincero naquilo que estou escrevendo. A interferência do público influencia até que ponto na medida em que você vai escrevendo? O público quer justiça, que o casal termine bem, o malvado seja punido e que o bom seja recompensado. Mas isso dá para escrever num dia, não seria uma novela, e sim, um especial de uma hora e meia (risos). Muitas vezes, a emoção do público diz uma coisa, mas realmente preciso escrever a outra, para que o público possa curtir. De que forma costuma ser seu processo de criação, quanto tempo leva? Normalmente escrevo um capítulo por dia, começo às 22h e vou até às 8h da manhã. Faço muita pesquisa médica, afinal a história se passa dentro do coração das pessoas, que trabalham em um hospital, não podemos citar sintomas que não existe, por exemplo. Na história existe um casal homossexual que deseja ter um filho, formar uma família. Como você lida com essa questão? É algo que está acontecendo, muito comum hoje em dia. Acho importante essa história ser contada. É uma resposta para pessoas que acham que o mundo não pode evoluir. É falar sobre liberdade. De que forma costuma ser seu processo de criação, quanto tempo leva? Normalmente escrevo um capítulo por dia, começo às 22h e vou até às 8h da manhã. Faço muita pesquisa médica, afinal a história se passa dentro do coração das pessoas, que trabalham em um hospital, não podemos citar sintomas que não existe, por exemplo. Como se deu a escolha do elenco? Alguns atores foram através de testes, feito pelo Maurinho Mendonça e o Wolf Maya, uma escolha muito democrática. Teve algum personagem que você escreveu especialmente para um determinado ator ou atriz? Eu prefiro não falar (risos). Boa parte dos atores eu escrevi para eles. Claro que atores famosos e com história penso de cara, porque sei que darão conta do papel. Você é autor de novela, escreve textos teatrais, é presente na literatura através de seus livros... O que muda na hora de compor um trabalho em cada linguagem? Escrevo desde obra infanto-juvenil a obras adultas. Lancei o livro “Juntos Para Sempre” recentemente. Cada história vem com seu formato. |
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