Por Fábio Dias
A notícia pegou todos de surpresa ontem pela manhã, a novela das nove "O Homem Errado", aprovada e programada para ir ao ar ano que vem foi cancelada. A trama era das premiadas autoras Thelma Guedes e Duca Rachid, que juntas escreveram quatro novelas das seis; O Profeta, Cama de Gato, Cordel Encantado e Joia Rara. Após tantos sucessos, a dupla faria a estreia no horário nobre da TV Globo. No entanto, após muito tempo escrevendo a trama, tiveram o projeto cancelado. A novela já contava com 12 capítulos prontos, entregues e aprovados. A história era um thriller, com muito suspense, com doses de romance e humor. O elenco vinha sendo escalado, contava com Cauã Reymond como protagonista e Sérgio Guizé como vilão.
Ontem entrei em contato com a autora Duca Rachid, e ela estava tão surpresa como todos: Estou tão surpresa quanto você. Soube hoje pelo Flávio Ricco e também não sei o motivo. Mas isso vem acontecendo, não é? Acho que ter um planejamento assim, tão adiantado, tem dessas coisas…. Questionei a autora se acreditava que a trama teria sido cancelada por se tratar de uma trama ousada, ela afirmou: Novela é entretenimento, tem que dar resultado imediato. Ser popular. Mas pode ser popular sem abrir mão da qualidade. Ter arte. A prova disso foi "Cordel Encantado". E arte, assim como a política, tem a obrigação de dar ao público não só o que ele quer, mas também aquilo que ele ainda não sabe o que quer. O que ele desconhece. E quando conhecer pode até estranhar num primeiro momento, mas depois vai se acostumar, achar bom, e querer mais e melhor. E exigir de nós, e nos desafiar a fazer coisas cada vez mais criativas e ousadas, o que pode ser muito bom pra todo mundo. Isso pressupõe algum risco, é verdade. E os tempos não estão pra risco, não é? Talvez tenha sido esse o nosso erro estratégico.
Perguntei se tinham novos projetos e se pretendiam mesmo seguir a carreira solo, a autora respondeu: Quanto à carreira solo, nós estávamos trabalhando há um ano nessa novela, sem tempo de pensar nisso, é claro. Estávamos juntas nessa parceria. Não poderíamos estar ali, com a cabeça em carreira solo. E estamos juntas nos acolhendo nesse momento difícil, em que mal nos refizemos da perda do nosso amigo Domingos e agora essa. Acho que até faz parte desse acolhimento pensar em um novo projeto juntas. É isso aí. O show tem que seguir.
Lamento muito que a direção da dramaturgia da Rede Globo venha tomando muito esse rumo no horário nobre, que na busca de audiência fácil, preferem não ousar. A trama parecia ser das mais interessantes, uma saída talvez fosse lançá-la às 23 horas, que é um horário que permite uma ousadia maior. Seria o mínimo com as autoras!
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