Por Rodrigo Ferraz
Começo essa retrospectiva deixando claro que as melhores do ano são na minha visão, não vou citar em ordem, todas citadas são peças que me marcaram, nesse ano que teve muita coisa boa.
Carmen, que já foi inspiração até pra uma novela na extinta TV Manchete com Lucelia Santos protagonizando, ganhou uma versão para o teatro com direção de Nelson Baskerville! Assim como Lucelia, a protagonista da peça era mignon, Natalia Gonsales viveu muito bem, as coreografias dela estavam impecáveis, ao lado de Flávio Tolezani e de Vitor Vieira, a direção de Baskerville foi minimalista e complexa ao mesmo tempo,com um final arrepiante. A peça fará uma nova e curta temporada a partir do dia 20 de janeiro no MASP auditório na terra da garoa.
Debora Lamm, emendou duas peças em São Paulo nesse ano a deliciosa comédia 5 X Comédia e o monólogo: Mata teu pai, com certeza esse foi um dos solos mais inesquecíveis da minha vida, se na comédia Debora estava muito bem, na peça que fez em parceria com Inez Vianna na direção e Grace Passô na dramaturgia a atriz estava inteira e cheia de intensidade no texto baseado em Medeia, ficou em cartaz no Sesc Ipiranga em São Paulo e em outros espaços no Rio de Janeiro.
Gabriel Villela voltou a dirigir um Nelson Rodrigues esse ano, Boca de Ouro foi a obra escolhida, encenada na capital do estado de São Paulo e algumas outras cidades do interior a peça tem previsão de fazer temporada no Rio no ano que vem... O capricho barroco do diretor estava lá, com um elenco entrosado e envolvente, se destacaram Claudio Fontana, Mel Lisboa e Leonardo Ventura, a peça plasticamente também era muito bonita.
Guimarães Rosa havia escrito Grande Sertão: Veredas em 1956, em 1985 a Rede Globo fez uma minissérie baseada no livro com direção de Walter Avancini, esse ano foi a vez de Bia Lessa fazer uma concepção no Sesc Consolação, a sonoplastia e um elenco com uma expressão corporal exemplar fizeram ela uma das peças mais marcantes do ano, Caio Blat protagonizou muito bem a obra.
Clássicos são sempre clássicos, Rei da Vela, peça que Zé Celso Martinez Correa já havia encenado há 50 anos ganhou nova temporada no Sesc Pinheiros, mais uma vez protagonizada por Renato Borghi, a peça continua atual e impactante, Zé por sinal ano que vem fará novamente outro grande clássico da sua história: Roda Viva de Chico Buarque, agora é contar os meses para sua estreia, e pensando no texto do dramaturgo e musico ta mais atual do que quando foi encenado nos anos 60.
Finalizo falando de Nosso Luto, como dirigi e produzi o espetáculo, achei "corujice" em demasia eu falar porque a peça marcou. Pedi para jornalista Nanda Rovere, sua opinião independente estar na equipe da peça ou não: "A morte pode virar poesia e a dor força pra viver em homenagem aos entes queridos que já se foram Nosso Luto foi escrito, dirigido e produzido com delicadeza pelos xarás Rodrigos (Ferraz na direção e Kiury na dramaturgia) e contou com um elenco talentoso e dedicado... E, claro, equipe super especial, da qual eu fiz parte. Rodrigo Ferraz mostrou profissionalismo e amadurecimento como diretor." Quem sabe não voltamos em cartaz no ano que vem?? Bom, foi bom recordar esse ano tão bom para o teatro como espectador! Que 2018 seja ainda melhor!!
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