Por Rodrigo Ferraz
Quando me sugeriram fazer uma matéria sobre Maíra Zaugg fiquei curioso, afinal uma cantora suiço-brasileira que foi até a semifinal do The Voice Kids Alemão deve ser alguém cheia de talentos. Enumerei alguns tópicos para ela se apresentar para você caro leitor, nele ela também fala suas referências. Ao final do papo você verá um convite super carinhoso da jovem cantora para o seu show que será dia 25 de setembro! E entre os tópicos do nosso papo você também poderá ver ela cantando em alguns momentos!!
Meu nome é Maira, tenho 20 anos, sou cantora e compositora nascida na Basileia, Suíça. Minha mãe é brasileira, paraibana. Meu pai é suíço. Cresci e moro até hoje com minha família (tenho um irmão menor) em Rheinfelden, uma pequena cidade medieval, às margens do rio Reno. A minha origem é uma mistura de influência desses dois países, o que tento mostrar no meu primeiro EP ¨Identity¨.
2. Como tudo começou
A minha relação com a música começou antes de eu nascer. Minha mãe colocava caixinhas de música sobre a barriga. Fui ninada com o CD Onze Meses de Derico. Aos dois anos comecei a ter aulas de musicalização na Alemanha, que eram no início para as crianças com as mães. Depois só para as crianças. Tive essas aulas até os meus seis anos. Aprendíamos brincando: música e movimento. Usávamos instrumentos de madeira percussivos, método de Karl Orff. Com cinco anos comecei a ter aulas de piano e mais tarde também de flauta doce e transversa. Aos sete anos participava de um coro de crianças da igreja católica, onde fui escolhida para um solo no musical A arca de Noé. Foi aí que me apresentei pela primeira vez em público, acompanhada por uma orquestra de câmara. Essa experiência me fez descobrir o prazer de cantar. Aos nove anos decidi que queria estudar canto; o que faço até hoje. Desisti das flautas e fiquei com o piano. Entusiasmada com a música pop, aos onze anos gravei e postei sozinha um vídeo no youtube. Mandei o link para os meus pais que no início não ficaram muito felizes, mas admiraram a iniciativa. Um olheiro sugeriu que me inscrevesse na 1. Edição do programa The voice Kids na Alemanha.
(Cantando Insensatez)
3. Importância do The Voice Kids
Para surpresa dos meus pais fui selecionada entre mais de 40 mil inscritos para participar da audição às cegas em Berlin. Os três jurados me escolheram e eu optei por Henning Wehland da banda H-Blockx como técnico e cheguei à semifinal do programa.
A experiência foi fascinante: estar no mesmo hotel com 72 crianças que amam a música como eu, umas com extraordinário talento, fazendo música juntas todo o tempo foi a melhor parte. Na batalha competir diretamente com amigos foi difícil. Quando venci a batalha, fiquei feliz em continuar no programa e triste por ver minhas duas colegas serem eliminadas. Chegar até a semifinal foi uma grande realização para mim. Cantar e tocar piano naquele palco incrível, com um público maravilhoso foi uma experiência inesquecível. O programa me trouxe muita visibilidade e me abriu algumas portas. O vídeo da audição às cegas tem quase 14 milhões de acessos no Youtube.
O The Voice Kids foi muito importante como um ponto de partida. Lá aprendi muito e tive a certeza de que queria continuar na música, me desenvolver, mas não mais participando de competições. Agora estou seguindo meu caminho, cantando e escrevendo minhas músicas.
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The Voice Kids (Alemanha)
4. Quais são as influências musicais?
A maior influência musical foi ouvir música de diferentes gêneros e de qualidade em minha casa, sempre. Meus pais amam a música. Minha mãe ouve mais a música popular brasileira e também a música nordestina, especialmente o forró. Meu pai ouve muito blues, mas é aberto para outros gêneros musicais. De um lado, cresci ouvindo de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Jobim, Maria Bethânia, Gal Costa, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Elba Ramalho, Lenine. Do outro, Van Morrison, Bob Dylan, Beatles, Ray Chalés, Joe Cocker.
Minha primeira opção foi o Pop internacional. Meu ídolo maior Michael Jackson. Nessa fase ouvia muito Celine Dion, Whitney Houston, Amy Winehouse, Adele.
Mais tarde veio o interesse pelo jazz. Paralelamente à minha formação acadêmica, frequentava a noite aulas de teoria musical, piano e canto na respeitada Escola de Jazz da Basileia. Com o jazz abriu-se um universo novo e amplo. Inspiro-me nas grandes Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Nancy Wilson, atualmente Dianne Reeves e Cecile Mclorin Salvant. Na escola de Jazz tive o meu reencontro com a bossa nova: aprendendo Tom Jobim, João Gilberto, Johnny Alf, João Donato. Desde o julho estou no Brasil, após concluir o curso de nível médio e antes de começar a faculdade de música na Europa. O meu objetivo nesses 5 meses (fico até novembro) é aprender mais a língua, usufruir da atmosfera maravilhosa de excelentes músicos, entender melhor a cultura, a vida do povo brasileiro do qual também faço parte. Tenho feito shows em lugares incríveis: All of Jazz e Jazz nos Fundos em São Paulo, Beco das Garrafas no Rio e também shows na Paraíba. Optei por ficar em São Paulo, onde frequento aulas de canto com Tatiana Parra e de violão com Jarbas Barbosa. Estou fazendo o curso “Música e Letra “na escola Souza Lima porque pretendo compor também em português.
5. Importância de Tom Jobim
A importância de Tom Jobim além de sua grandeza como compositor é o fato de ter levado a música brasileira para um patamar internacional. Sua obra é conhecida e executada por cantores e instrumentalistas do mundo inteiro. Muitas das canções de Jobim são incluídas nos repertórios standards do jazz e da música popular. E também no meu repertório.
6. Importância de cantar nos dias atuais
A música sempre teve importância em todas as épocas, em todas as culturas e sociedades. Ela pode ter muita força, denunciar desmandos políticos, preconizar a paz, anunciar um mundo mais humano para todos e principalmente falar de amor. Precisamos de mais amor no mundo em que vivemos. O papel do artista é estar atento para as mudanças do seu tempo. Penso assim quando componho minhas músicas. Eu canto pelo amor, pela paz, pela tolerância, pela sustentabilidade do nosso planeta.
(Cantando Paciência)
7. O álbum Identity
O álbum Identity é um EP com cinco faixas autorais onde falo do amor, das frustrações de uma pessoa da minha idade, mas especialmente da necessidade de se ser autêntico nos dias de hoje, sem se deixar levar pelas pressões ou normas estéticas ditadas pela sociedade. Esse álbum também reflete minhas raízes, a junção dos meus dois mundos. Em Identity tenho a felicidade de dividir uma das faixas, Frozen, com um dos maiores violonistas do mundo, o brasileiro Romero Lubambo, nascido no Rio de Janeiro e radicado há vários anos em Nova York.
Romero tem uma generosidade infinita e tem dado muito suporte a minha carreira ainda em início. Agora no dia 16.09 gravaremos pela primeira vez juntos em estúdio aproveitando a vinda dele para São Paulo onde fez show com Edu Lobo e Mario Senise.
8. O que esperar do Show
Primeiramente quero convidar todo o pessoal do Cabide Fala para ir me ouvir no dia 25.09 no renomado Madeleine Jazz Bar na Vila Madalena. Espero que o show seja de casa cheia. Estarei acompanhada por fantásticos músicos. Espero trazer alegria, emoção para cada pessoa que vem me ouvir cantar. Isso e o que me gratifica, que fortalece o meu amor pelo que faço. E como diz a música de Djavan, “cantar é mover o dom, do fundo de uma paixão.” É isso que pretendo: encantar o meu público.
SERVIÇO
Será no dia 25/9, quarta feira às 21h no Madeleine Jazz Bar, que fica na Rua Aspicuelta, 201 - Vila Madalena! O Couvert artístico varia de R$26 à R$36 para aproveitar o espaço e o show! Saiba mais da cantora no site www.mairamusic.net
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Sobre o entrevistador
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