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Gertrude, Alice e Picasso: Quando personagem reais inspiram uma Ficção da Melhor Qualidade

Por Rodrigo Ferraz

Alcides Nogueira e Bárbara Bruno são artistas que admiro e acompanho a carreira desde que comecei a frequentar teatro assiduamente. 

Ele é um dramaturgo de mão cheia (além de um exímio escritor para tv). Ela é uma atriz formidável, de uma linhagem do mais auto quilate, além de diretora impecável, uma das minhas maiores referências nessa que é a minha profissão favorita entre todas que exerço. 


Imagine um encontro desses dois? 

A história de "Gertrude, Alice e Picasso" começou em 1996 quando Alcides a escreveu para Nicette Bruno comemorar seus 50 anos de carreira. 

Barbara, filha de Nicette, chegou a montar essa peça em 2014 com outro elenco.

Chegamos em 2025 e agora é Barbara quem comemora 50 anos de carreira, protagonizando a obra acompanhada de Joca Andreazza e Patrícia Vilela. 

Alcides escreve personagens reais como ninguém: Rimbaud em "Pólvora e Poesia", Oswald Andrade em "Um Só Coração" e Sarah Kubitschek em "JK", só para citar alguns exemplos. Na peça ele não foge a regra. 

Gertrude é uma lésbica masculina, talvez hoje em dia seria um homem trans. Barbara faz a personagem cheia de camadas, com humor, emoção, entrega e inteligência. A antropofagia da personagem pulsa em vários momentos e suas trocas com Alice e Picasso são muito bonitas e legais. 

A Alice de Patrícia Vilela é uma personagem sofrida, mas sem perder alguns bons momentos felizes. O ponto alto de sua interpretação é a troca com a protagonista. 

Joca Andreazza também faz um Picasso formidável. Seu personagem carrega a fúria espanhola. É um conquistador nato que seduz a plateia com uma interpretação vigorosa e cheia de tônus. 

O texto da peça é antropofágico, atemporal, intenso, engraçado, dramático, plural, remetendo a diversos gêneros e com momentos históricos retratados.

A trilha de Ricardo Severo, talentoso como sempre, estimula muitas sensações. Soma-se a isso uma luz bem cuidada de César Pivetti, um cenário caprichoso e um figurino incrível. 

A concepção perfeita da peça é de Barbara Bruno e Paulo Goulart Filho. 

Quem assume a direção com vigor ímpar é Vanessa Goulartt que faz também uma participação afetiva no começo do espetáculo. Vanessa, "por acaso", é filha de Barbara. A química desse clã familiar é linda de se ver durante todas essas gerações.

Nicette Bruno deve estar extremamente orgulhosa da filha e da neta.

Eu, se fosse você, corria para ver. Sextas e sábados às 20h no fofo e intimista Mi Teatro, com ingressos a R$80 no valor da entrada inteira. 

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